“Foda-se o banjo”, disse Winston Marshall, guitarrista do Mumford & Sons, em entrevista para a Vulture. A afirmação pode parecer grosseira, mas traduz a vontade inquietante do grupo inglês de fazer algo novo e diferente em Wilder Minds, terceiro disco de sua carreira.
A banda acabou de liberar mais um single do álbum, que tem data de lançamento prevista para o dia 4 de maio. Snake Eyes reafirma a mudança, seguindo as mesmas direções tomadas em Believe e The Wolf, os dois singles lançados anteriormente. Guitarras, sintetizadores e baterias elétricas substituem definitivamente a pegada folk-acústica marcada por instrumentos como o banjo e o acordeão, característica principal das canções dos dois primeiros álbuns do grupo, Sigh No More (2009) e Babel (2012). A mudança foi tão expressiva que as novas músicas chegaram a ser comparadas com composições do Coldplay e do Snow Patrol!
Para o vocalista Marcus Mumford e seus colegas Winston Marshall, Ted Dwane e Ben Lovett, essa guinada – um tanto ousada – deve ser vista como um crescimento e não como uma partida. “É uma saída natural”, contou Lovett a NME. Eles explicam que a forma de escrever não mudou drasticamente, mas que foram guiados por um desejo de não fazer a mesma coisa de novo, “um Babel 2”, como eles definem.
Enquanto nos dois primeiros álbuns, Mumford foi o autor da maioria das composições, em Wilder Minds todos os componentes da banda contribuíram nas letras, colocando inclusive suas próprias experiências pessoais nas criações. Mumford e Lovett desfrutaram de relacionamentos felizes nos últimos anos. Já, Marshall e Dwane viram suas respectivas relações chegarem ao fim, o que enriqueceu diversas composições, entre elas a própria Believe.
Além disso, a cidade de Nova York, onde as músicas foram concebidas, foi fonte de inspiração para várias letras do álbum. “É difícil não ser influenciado por este lugar”, eles contam. O primeiro momento de produção do disco se deu no Ditmas Park, pequeno estúdio localizado no Brooklyn e pertencente a Aaron Dessner, do The National. Dessner, inclusive, colaborou em algumas composições e até chegou a gravar uma faixa com os ingleses.
O álbum foi finalizado no estúdio AIR, em Londres, com produção de James Ford, que já havia trabalhado com Arctic Monkeys, Haim e Florence & The Machine. Ford dividiu a bateria com Mumford, Marshall e Dwane fizeram a festa com suas guitarras elétricas e Lovett completou a harmonia com o teclado. De 40 músicas produzidas, 14 foram escolhidas para compor Wilder Minds, além de 4 versões ao vivo.
Como Lover Of The Light e Dust Bowl Dance, sucessos dos primeiros discos, os singles liberados denunciam que a banda continua, porém, a se aproveitar de uma característica notável: o crescimento gradual das melodias. Believe e a recém-lançada, Snake Eyes, são a prova viva de a banda se mantém fiel à tendência, independentemente dos instrumentos utilizados.
No entanto, é inevitável. Sempre que um artista muda de sonoridade drasticamente, rola aquela tensão entre os fãs. Amantes do banjo podem pensar que o Mumford & Sons se transformou em uma banda completamente nova. As mudanças foram muitas, de fato. Talvez seja preciso se acostumar às novas direções e dar adeus ao charme caipira, que parece ter sido abandonado definitivamente.
Enquanto Wilder Minds não chega para a gente dar o nosso verdicto final, dá uma olhada no tracklist!
Tracklist:
1. Tompkins Square Park
2. Believe
3. The Wolf
4. Wilder Mind
5. Just Smoke
6. Monster
7. Snake Eyes
8. Broad-Shouldered Beasts
9. Cold Arms
10. Ditmas
11. Only Love
12. Hot Gates
Versão Deluxe:
13. Tompkins Square Park (Live)
14. Believe (Live)
15. The Wolf (Live)
16. Snake Eyes (Live)
Originalmente em: http://nafuma.com.br/um-adeus-definitivo-ao-banjo-o-que-ja-sabemos-sobre-o-novo-album-do-mumford-sons/